quinta-feira, 30 de julho de 2009

ANHANGUERA MON AMOUR: VOANDO BAIXO!

Como estou em férias, fico trabalhando em casa. As férias servem para conseguir fazer a parte do trabalho que no lugar de trabalho não se consegue realizar. Então, acabo assistindo um monte de telejornais & outras coisas fúteis. Sim, o telejornal, especialmente local, não passa de uma futilidade a serviço de não sei bem quem, mas com certeza está por trás dos anúncios e constitui uma certa elite político/financeira da cidade. Que, aliás, é tão poderosa que não faz exatamente anúncios: fiquei pasma, em ver que o próprio âncora do TJ de Black Stream apresenta com formato de reportagem as ofertas da concessionária local de carros de chocolate (EXPLICO: NA ITÁLIA EXISTE UM BOMBOM DE CHOCOLATE DELICIOSO QUE CHAMA FIAT...). Então, entre a notícia sobre um patinho afogado e de um roubo comparável ao sequestro de sete anões de jardim, veio
A NOTÍCIA.
Do que Black Stream carece? De asfalto nas vias? Escolas? Saúde? NÃÃÃO!
BLACK STREAM CARECE DE UM AEROPORTO INTERNACIONAL!
Quase caí pra trás! Não é por nada não, mas que aeroporto internacional, em uma cidade que INDICA A ENTRADA DO AEROPORTO QUE EXISTE COM UMA PLAQUINHA BRANCA QUE APONTA PARA O CHÃO?
É sério.
Tirei a foto. Depois de custar para encontrar o aeroporto, pois a sinalização territorial é aleatória, perdi a entrada.
Quando contei da placa, todos, para variar, acharam que estivesse exagerando. Aí fui, fotografei, e aqui está, com uma pergunta:
ANTES DE UM AEROPORTO INTERNACIONAL, VAMOS DEIXAR QUE A GENTE ENCONTRE PELO MENOS O QUE JÁ EXISTE????

segunda-feira, 27 de julho de 2009

ANHANGUERA MON AMOUR: O CIRQUE DO SOLEIL DOS SANTOS DO INTERIOR


UM AVISO:
Quem não gosta de IRONIA nem de SARCASMO;
Quem leva tudo MUITO a SÉRIO;
Quem diz NÃO SEI, mas também NÃO PERGUNTA achando (erradamente) que isso pode ofender;
Quem esqueceu ou ainda não sabe utilizar as FERRAMENTAS do ESPÍRITO DAS LUZES (que não é uma essência mística, mas uma visão de mundo e uma revolução humana realizadas em uma época histórica...);
Quem acha que TUDO ISSO É UMA GRANDE BOBAGEM;
EVITE LER!
Porque aqui vai uma "documentação visual" digna desse nome. Uma documentação visual sobre o grande nada que tem me obrigado, nos últimos anos, a olhar NÃO atrás do véu de Maya, pois nada há atrás desse véu, nesse caso... mas OLHAR, ENCARAR os detalhes do próprio véu.
Que não é bem uma obra prima das antigas rendeiras de Flandres, parece mais um véu de tecido sintético Made in China que chega em containers via Paraguay.
Acontece que, de tanto olhar, finalmente vi a trama e o urdido desse véu que, nada mais, nada menos, veio a ser
UMA TENDA DE CIRCO!
Sim, senhoras e senhores, a realidade em que viajo, entre Capital City e Black Stream, com os desvios nas laterais & colaterais acabou revelando
UMA GRANDE FEIRA COM CIRCO ANEXO & CONEXO!
Vejam se estou brincando ou não: fotografia, dizem as teorias, é documento de algo que existe.
Em primeiro lugar: o patrocinador dessa viagem é uma franquia.
Sim, de CONVENTOS.
Não sei explicar de outro jeito o carro que se materializou ao meu lado, no trânsito, um dia.
Aí, fui eu pela Anhanguera que, como se pode ver pelas imagens, é uma terra vazia, onde dois postes brancos nada significam. O céu é grande.
Finalmente me deparo com a realidade totêmica das enormes garrafas que convidam, em sua exibição exagerada, obscena, a não beber muito não, a exercer uma certa... MODERAÇÃO. Nonsense total.
SINGULAR.
Não posso me esquivar de pensar como um DESPACHO em uma estrada de chão batido reflita, com efeito, a possibilidade de usos diferentes & alternativos da cachaça.
A essência poética do carro da franquia de conventos me GUIA ao encontro de muitos santos, um verdadeiro cortejo que aparece em altares de grutas, pés de cruzeiros & de Cristos. Todos os santos, budas & orixas, em alegre companhia.
TODOS QUEBRADOS.
Praticamente, os cruzeiros são que nem a coleta seletiva de lixo: tem plástico, papel, lixo orgânico... e tem santos, prontos para a reciclagem.
Mas a pergunta que não quer calar: POR QUE DEGOLAR OS SANTOS?
E mais uma pergunta: por que tem um garfo no lugar de Cristo, na cruz? Será que simboliza a qualidade da cozinha da última ceia? Tipo guia Michelin, ou Quatro Rodas, um garfo, dois garfos, três garfos...
Aos pés de um outro cruzeiros, que tem luzinhas tipo natalino, mas ficam apagadas, têm um monte de copinhos de plástico, para chamar a chuva, ou para afogar os santos, ao gosto do freguês.
Andando pelas SP 330, 334 & outros números, vi um monte de Cristos tipo Cristo Redentor do Rio versão "bola-de-cristal-com-neve", só que sem bola de cristal e sem neve.
Bem estranhos. GRANDES.
E menores.
E foi aí que percebi!
ENTENDI!
Sim, entendi porque todos eles ficam de braços abertos.
NÃO É como o Cristo do Corcovado!
É OUTRA história.
E tem a ver com Little Prairie (A.K.A. Sertãonzinho). Narra a lenda que, em Little Prairie (A.K.A. Sertãonzinho), resolveram "montar" um Cristo maior que aquele do Rio (uma competição tipicamente masculina, Freudiana, já que se trata de "tamanho é documento").
Enfim, começaram as obras, mas já forma interrompidas... os gênios fizeram a base pequena demais, e haja agitação de braços desse pobre Cristo, ia cair pra frente!
Assim reparei na minha pequena coleção de Cristos e descobri: se trata de EQUILIBRISTAS!
Reparem: um deles está em pé "milagrosamente" no auge do arco que o sustenta. Milagres da engenharia. Um brinca no meio das antenas: é um Cristo interativo. Não sei se transmite também.
Inquietante: uma das antenas na frente dele é uma estrela de Davi! Encontro ecumênico no éter ou disputa teológica?
Não somente Cristo brinca de equilibrista, o Homem de Lata de Oz(eus) (A.K.A. Assis) está preste a mergulhar (as soon as alguém colocar a piscina!). Reparem: a base que sustenta a criatura feita de latas (???) É UM TRAMPOLIM!
Por outro lado, o HOMEM DE AÇO (NÃO o Superhomem, o outro, o Ferro Velho da SP 330), que levanta uma coisa estranha na mão direita (uma esfera armilar? Me parece ousado...) tenho certeza que aos pés tem coisas "TIPO" patins.
Segue uma amena Virgem Estilita, também se equilibrando com suas vestimentas em cores adocicados em uma curiosa coluna. Mas é um equilibrismo de segundo escalão: coluna é bem grande, assim eu também consigo...
Como em todo circo que se respeita, temos os freaks: eu não saberia dizer se o que fotografei é uma sereia ou uma agua viva com torso e cabeça de mulher e A Curupira. Friso no A.
Porque aqui a versão é a FEMEA da Curupira: está usando uma saia havaiana e a parte superior do biquini. Estou pasma! Curupira é uma Entidade Superior (A.K.A. Divindade) a serviço da Polícia Ambiental. Ela apavora e persegue aqueles que destroem à toa o mato e suas criaturas, certo? Então ela deve dar um medinho, tipo quando o guarda rodoviário para a gente na rua. Também a fêmea de Curupira, então, deve ter uma aparência de "autoridade": então, de onde vem esta versão entre Botero e Homer Simpson? É simpático um policial em serviço? E então, seguindo esse raciocínio, essa Curupira é um desacato à autoridade!
Seguindo as andanças, um descanso entre as ruínas: todo mundo gosta de uma imagem romântica, e quem sou eu, para não usar dessa retórica?
AS RUÍNAS: uma velha estação fantasma e uma ponte enferrujada que não leva mais a lugar nenhum. FECHADA. FERMÉE. CLOSED.
Língua nagô no meio do mato, e depois
PEDAÇOS DE GENTE de plástico amontoados, enquanto um estandarte se esconde na noite do canavial...
Deparei-me com um capacete brilhante debaixo do sol: será o capacete do Magneto? Ou do Homem de Ferro?
De quem quer que seja, as armas estão apontadas para o céu...
Depois vem uma "coisa" alegórica tridimensional, retórica, mas tão retórica que é o óbvio do óbvio: Trabalho, Família, Religião em versão "durepox gigante". O resumo do lugar, A.K.A. Macondo (uma das muitas).
Viro o olhar para outras monu/mentalidades no mínimo circenses, como as duas dançarinas. O que elas tem nas mãos, um hot-dog?
O que me resta dizer? Tem também um explorador vestido de Indiana Jones que olha um navio no horizonte (tipo piratas do Caribe).
Encontro também o movimento neobarrocopósmodernofuturista em uma escultura que, me seja permitido, chamaria de "O exorcismo".
Um dia alguém vai traduzir os dois enigmas que seguem:
A página de ideogramas.
A ESFÍNGE. Reduzida a ANIMAL DE CIRCO? FERA DOMADA, terá ainda
O ENIGMA, ESSA ESFÍNGE? Eu sei o que ela vigia.
De rabo entre as pernas.
Vigia o estacionamento lotado do Shopping nesses tempos de crise.
Uma visão muito mais cemiterial do que um cemitério.
CARROS.
UM CARRO.
ESSA NOSSA DIVINDADE.
GRÃO FINAL!!!!!
.... TAMBÉM NOSSAS DIVINDADES MORREM....
Bsus da FdP!















terça-feira, 21 de julho de 2009

O DOMINGO DAS FADAS OU: FADAS DE BODE!

No final de semana deixei Black Stream para ficar em Capital City e visitar meus fiéis escudeiros, meus gatos de guarda.
Para entrar em casa, como sempre, tive que pedir licença para minha Primavera Anã Gigante, que durante minhas estadias em Black Stream sempre estica os galhos cheios de espinhos, repelindo, assim, os visitantes não desejados.
No domingo fui dar uma volta em busca de verde, de paz e de tranquilidade. Evitei, portanto, os parques lotados de Capital City, onde a multidão festeira atrapalha um pouco meus pensamentos, para encontrar o que procurava em um canto da cidade onde todas as fadas acabam se encontrando: O RED FAIR DISTRICT. O bairro da Fada Vermelha fica atrás do portão que está na primeira foto.
Fotografar fadas sem seus disfarces humanos é um exercício difícil, que exige muita paciência. Além do mais, fadas sem disfarce são muito rápidas em suas metamorfoses. Consegui, apesar das dificuldades de registro EM FILME, fotografar algumas delas, é claro, em sua aparência de fada como os olhos/lentes humanos conseguem capta-la.
Por favor, reparem: as fadas com asas NÃO SÃO ANJOS!!!! É claro que se trata de fadas: onde já se viram anjos com tetas? Quando uma imagem mostra um anjo com tetas, podem ter certeza que foi uma fada que entrou no meio. Uma daquelas com asas. Porque nem todas as variedades de fadas tem asas! E as que têm, nunca conseguem se integrar socialmente, nem com disfarce humano: elas tem uma aparência por muitos julgada "inquietante".
A maioria delas estava dormindo, ou tinha acordado havia pouco tempo: claro, domingo de manhã, o que se espera? Algumas estão de bode, outra parece que está sofrendo, mas na verdade está acompanhada por alguma criatura "invisível" e tirei a foto de um momento muito íntimo... sorry, erotismo involuntário... Uma está ligando do celular, dá para ver, está agachada, mão ao ouvido, conversando.
Há uma fada criança, muito luminosa: acabou queimando o filme. As duas fadas adolescentes estão, como toda boa adolescente, amuadas. As fadas mais "maduras" não renunciaram à elegância, enquanto passeavam pelo bairro.
O bairro pode ser visitado, mas somente os convidados e as outras fadas conseguem enxerga-lo atrás dos altos muros que o escondem e do disfarce humano colocado para dissuadir eventuais invasores & curiosos à toa!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

EXPOSIÇÃO TEMPOPERMANENTE: MAPA PSICOGEOGRÁFICO DAS OBRAS.

Esta exposição urbana começa quando o horário comercial acaba.
Começa quando os portões e as grades encerram as vitrines em um abraço blindado.
Quando os carros rareiam e os andarilhos se recolhem.
Dizem as más línguas que a cidade é perigosa. Sempre. Mas à noite, é pior, muito pior. À noite o lobo mau sempre está à espreita, com suas máscaras de ladrão, estuprador, assaltante. Na verdade, eu, Fada de Preto, acredito que, acima de tudo,
O LOBO MAU ROUBOU A NOITE!
E é a noite que esta exposição acontece, quando as obras de uma centena de artistas de escolas, atitudes e talentos BEM diferentes se confrontam, depois do por do sol, nas telas de pedra e de metal que a cidade oferece. Uma exposição temporâria, pois só acontece de noite, e porque as obras são, frequentemente, retiradas do local.
A percepção de que a exposição estava rolando transformou a Fada de Preto em arqueóloga urbana, pois a notícia não foi noticiada pela imprensa local: tornei-me a primeira FdP a DOCUMENTAR TODOS os "AFRESCOS" no melhor estilo pompeiano hiper-realista. A primeira FdP a oferecer o mapa/catálogo da exposição.
Não sei porque não querem que a população local e os turistas eventuais conheçam e desfrutem dessa riqueza.
Para favorecer o FLUXO DE INFORMAÇÃO, com eventual AUMENTO DE CONHECIMENTO por parte do usuário, organizei as obras de maneira temática ao longo de corredores e esquinas que, idealmente, excluem o que está atrapalhando a visão... poder da tecnologia e do cerebelo da Fada.
Como toda exposição que se respeite, vocês, visitantes queridos e públicos curiosos, estão aqui, convidados ao LANÇAMENTO desse CATÁLOGO de PSICOARTE, desse MAPA PSICOGEOGRÁFICO da ARTE MURAL local.
Aproveitem a viagem: vocês estão, agora, entrando na galeria do Museu de Arte da Fada de Preto, recebidos por uma inteira orquestra escocesa (Kilt incluído no Kit).
Imagens de objetos cobiçados aparecem nas paredes, violentas, coloridas, energéticas, ridículas... cada carro & moto com placa VD (Vin Diesel), tem uma correspondência em uma farsa, uma piada de Keith Haring à espreita em todo lava rápido.
O Tromp l'Oeil domina a representação das máquinas. Microondas, condicionadores de ar, aquecedores solares e tanquinhos flutuam em um espaço paradisíaco azul calcinha.
Ninguém repara na pequena jóia gráfica das duas miniaturas bi-cromáticas da maquita e do extintor branco.
Assim como poucos admiram o talentoso artista que destaca uma escada (para o céu? par o teto? para a lua?) preta sobre um fundo amarelo, emoldurado por vermelho e azul... o mesmo artista que ilustra os instrumentos de trabalho desenha, como uma sombra, o homem, o trabalhador, aqui reduzido à mão de obra explorada que representa.
Algumas obras estão assinadas, muitas, assim como na Idade Média acontecia, são anônimas, o resultado de uma jornada de aprendizagem com algum mestre, também desconhecido.
Vale a pena destacar a pintura VELAS? de anônimo, para reconhecer a habilidade em simular a continuidade de um objeto em um espaço descontínuo, no caso o canto do pilar. Outras pinturas revelam a mesma habilidade, como no caso de BAR DO IVAN.
Dobradiças gigantes se alternam a gigantescos cadeados, e a máquina de costura decora o plano como um elegante bordado de moça de internato de freiras...
Tudo isso, enquanto criaturas abomináveis, surgidas de pesadelos infantis, adquirem vida e nos perseguem: chaves de boné, buracos da fechadura de tênis...
Mas eis que de repente, em um dos espaços expositivos, surgem as ROSAS sagradas das catedrais medievais, as MANDALAS místicas do budismo: são as pizzas abstratas, coloridas, que nos devolvem essa forma primordial do círculo radiante, imagem fortemente solar, símbolo do ciclo das estações.
TIM, O SORVETE MAIS SENSUAL da cidade, derrete suas ubertosas formas em uma parede verde & rosa, enquanto a interpretação do KUAT revela, na cobra verde que se torna mão ávida, a metáfora do capitalismo Coca Cola.
A série Carunchão é ambiciosa: um tríptico, composto por FORTE (Fortaleza, a virtude cristã), VITÓRIA e GUERREIRO (como tal carrega a espada salomônica da Justiça, outra virtude cristã). Ao lado do tríptico, as outras quatro virtudes atualizadas para um público contemporâneo, que aprende, assim, a dar uma boa educação para os filhos terem sucesso (e se tornarem ricos):
Andar de Skate
Jogar Tênis
Jogar Basquete
Jogar Futebol
(aliás, esse feijão tem cara de Ronaldo, o que pode, provavelmente, ajudar os historiadores da arte a estabelecer uma data aproximativa para a obra).
As Naturezas Mortas enriquecem essa exposição absolutamente mágica, uma cidade diferente que se descortina com esse por do sol ofuscado pela poeira roxa eternamente suspensa no ar.
São Naturezas Mortas com comidas, bebidas, frutas, dignas do cânone clássico da arte. Novamente, cito aqui o BAR DO IVAN, pois a habilidade ilusória do artista chega à eliminação do canto do pilar que, magicamente, "desaparece" debaixo da cestinha de fruta.
Uma das obras mais interessantes é, a meu ver, o quadro abstrato colorido, que me lembra muito a Tarsila do Amaral da tela GAZ (com um bocado de maquinismo à la Leger).
Um dos artista retoma o estilo da escola francesa da gravura enciclopédica, com detalhes didáticos e, todavia, leves e agraciados: as botas, os cornos, o chapéu de cowboy, a sela, a corda azul, tudo remete também ao fantástico mundo selvagem do VELHO OESTE.
É O VELHO OESTE!
Mas ele já se esvai em uma avoada açucarada de bixigas coloridas, quase um trabalho de Miró, que logo deixa o campo para uma cachoeira de flores, diretamente importados da Viena Fin-de- Siècle na beira do modernismo de Klimt e da loucura freudiana. Não precisa ir para Viena, para conhecer, está aqui, nessa exposição, assim como a PALMEIRA inspirada em Gauguin e, ainda, a esplendorosa sequência musical (sempre Tromp L'Oeil) que "paquera" a DANÇA de MATISSE.
Psiquedélico é o peixe que carrega no ombro (pardon: na nadadeira) um verme que nos mostra, irreverente, a língua, enquanto um certo expressionismo se encherga na visão de vaca da pintura FRIPHÓS (COM CERTEZA um nome GREGO, FRIPHÓS, ligado a alguma divindade bovina & equina.
Uma atestação de sacralidade sacrifical ao animal totêmico da mesa local que contrasta, de maneira não dissonante, da aparência singela e honesta do porquinho Big Frios (será esse o Porquinho Zero do "porquicídio"?).
Uma VACA VIGILANTE aparece no alto de uma casa, de dia percebe-se o olhar maldoso do bicho, enquanto desfilamos pela PAISAGEM ALPINA que ocupa vários metros de paredes, medindo pouco mais de 50 centímetros de altura.
Mais inquietante ainda, de uma inquietação metafísica bem no estilo De Chírico é o FRANGO DENTADO. O que o artista quis dizer, com essa imagem críptica, que nem os frangos são solidários, e que se matam entre si? É o retrato de um PSYCHOCHICKEN? E se eu encontrar um frango com todos esses dentes, eu tenho que fugir gritando "Socorro, franghomem!"? Mas amei o mistério por baixo da provocação da obra.
Os lápis coloridos marcharam brilhantes sob minha objetiva que estava, diante da inauguração da exposição, faminta de cores e de brilhos.
GUARDA CIVIL, por outro lado, se mostra uma obra francamente pouco atraente e não merece destaque nenhum, pois repete a morfologia e a sintaxe da arte acadêmica feita de latim e retórica, uma obra em estilo POMPIER que poderia ter deixado espaço a algum artista mais ousado.
Na exposição ainda há cachorros ferozes e malhados e, É CLARO,
A CANA.
A DEUSA CANA. Na exposição ela estava como uma bandeira japonesa da época de guerra, gloriosa conquistadora de novas terras...
Uma versão tropical-situacionista das perversões sutís um pouco pedófilas de BALTHUS está na obra em estilo primitivo VAGAS P/ MORADIAS em que o vestidinho curto demais da Mônica deixa entrever uma calcinha rendada.
Mais personagens felizes, de polegar para cima, flutuam nas paredes da exposição quando,
de repente
uma obra
nos tira o folego: no escuro, uma gigantesca parede amarelada.
O desenho de uma cerca de rede e arame farpado.
Um homem completando a instalação da cerca.
Tamanho natural.
Genial, opressivo, bem ARBEIT MACHT FREI.
No final da exposição, enquanto uma SENHORA REDONDAMENTE BOTERO rola ao lado, um pessoal toma um gole de cerveja, outro canta, enquanto as mulheres sensualmente tortas de Schiele se revelam na parede...

A EXPOSIÇÃO foi realizada como evento que inaugura o semestre da II EXPOPANGUÁ.

ESTAMOS TENTANDO GANHAR UMA GRANA, COM ISSO, ENTÃO PRESTEM ATENÇÃO:

DURANTE O SEMESTRE HAVERÁ VÁRIOS EVENTOS CULTURAIS.
TENTAREMOS ORGANIZAR VISITAS MONITORADAS (ALUGANDO UMA PERUA?) À EXPOSIÇÃO!!!! SÓ PRECISA VER SE HÁ UM NÚMERO SUFICIENTE DE INTERESSADOS...

FIQUEM LIGADOS, É UMA OPORTUNIDADE ÚNICA DE CONHECER AS MARAVILHAS MÁGICAS DE RIBEIRÃO PRETO.
Aproveitem, então, nosso mapa/guia/catálogo audiovisual!

P.S. As fotos são da Fada de Preto. Que conseguiu andar pela noite adentro na exposição porque teve uma parceria perfeita com a MOTORISTA, que teve a paciência de acompanhar nesses lugares encantados que são, principalmente, a Avenida do Café, a Avenida da Saudade e seus arredores. Em Ribeirão Preto todo surrealismo é pouco, É CLARO?
















segunda-feira, 13 de julho de 2009

ANHANGUERA MON AMOUR: DESCANSANDO A VISTA.


Nem sempre sou uma fada sarcástica. Às vezes paro e gosto do que vejo. Aqui vai meu primeiro vídeo (na vida, viu? Melhor tarde do que nunca).
Da natureza romântica das árvores, às floradas (acreditem se quiser: de rabanetes!!!), às linhas coloridas das casas, que me lembram quadros modernistas: quase um resumo do final de semana.
Pela primeira vez eu consegui ver e reconhecer as constelações, "em uma noite especialmente boa"...
Dedicado a quem gosta de viajar em paz.

A VINGANÇA DE EVA. CAPÍTULO FINAL.

Último capítulo! E a foto da jararaca é de verdade (espero que seja uma jararaca, ou levei um susto à toa!).

Eu não me deixei tentar por ela. Ela me deu respeito e eu escolhi sair da prisão. Ela me ajudou, só isso. Eu já queria saber, eu já queria saborear o que ela possuía desde o começo. Aliás, ela foi muito clara em me alertar que uma escolha como essa, de desobediência radical, teria conseqüências também de ordem psicológico, para mim. Ela me contou que ser tratada como um demônio, obrigada a viver sozinha, porque lá fora não tinha nada e ninguém, desprezada pelos anjos não era uma vida boa. Argumentei que, se o Pai resolvesse me punir me mandando embora, então seriamos duas, eu e ela, e o problema de ficar sozinhas não subsistiria. Além do mais, comendo o fruto, teria também a sabedoria, e assim poderíamos elaborar teorias, cantar poemas belíssimos e conhecer as estrelas e discutir apaixonadamente do mundo e, se realmente era tão mais feio do que aquele jardim infernal, o conhecimento nos forneceria os instrumentos para transformá-lo. Sorriu e me abraçou, e deitadas na grama exploramos todos os cheios e os vazios de nossos corpos e depois, cansadas, adormecemos. Foi assim que você nos encontrou. Você levou um susto danado. Bobo e incapaz de tomar atitudes de adulto, moleque birrento e violento, dominado por teus instintos, me ver duplicada nos braços dela, vê-la duplicada em mim, te deu tesão. Oh, homenzinho obcecado! Abrimos os olhos ao mesmo tempo e te convidamos a se juntar a nós. Você foi enredado por nossas pernas e braços, nós dominamos tua vontade. Não foi um grande esforço, tua vontade é fraca mesmo, quando você está tomado pelos sentidos. Nós estávamos satisfeitas, nós éramos duas, mas com uma mesma vontade de vingança. Conhecíamos teus pontos fracos. Quando você se apercebeu que éramos uma única mente, que nosso poder tinha duplicado, e reparou nos nossos corpos encaixados um no outro, e percebeu que você não passava de um acessório, enrubesceu feito uma mocinha e foi buscar umas folhas para nos cobrir. Rimos de você, quando colocamos aquelas folhas ridículas e brincamos de esconder e revelar: você nos ofereceu um disfarce, e obrigamos você também a usar esse tapa-sexo verde. Aí, você viu que nossa conversa, nosso envolvimento não te incluía, que você jamais teria feito aquilo, que era gostoso, mas proibido: ela era tua inimiga, você lembrou. E pensou que tinha me roubado de ti. E gritou de raiva e de dor. Depois, ela deslizou rapidamente pelos galhos da macieira, e eu também pulei a cerca em volta dela, agarrando uma maçã com a mão. Ela, ameaçadoramente, ondulava na tua frente, sibilando. Você, com medo dela, ordenou que eu voltasse, mas eu nem te respondi. Você gritou e esperneou, mas não ousou se aproximar dela, de mim. Levantei a mão, desafiando-te com o olhar e mordi o fruto suculento e saboroso. Senti meu sangue correr mais rápido, mais quente. Vi, em um único instante, o começo e o fim, a vida e, finalmente, aquilo que não temíamos, porque desconhecida, e assim você não lhe dera um nome, mas fui eu, eu que a nomeei, o único nome que eu dei a algo, foi a ela, e a chamei de Morte.

Mais uma vez, a vaidade te cegou. Você sofre mesmo de um terrível complexo de inferioridade, viu, Adão? Sentiu que eu era corajosa, forte, destemida, muito mais que você, e o fato de eu ser algo mais que você te encheu de ira: agarrou o fruto que eu tinha na mão e, para mostrar que você fazia também, e melhor, abocanhou um pedaço muito grande, que engoliu sem mastigar, engasgando para sempre. Bem feito, bonitão! Ela riu, me olhou com amor imenso, disse estou sempre em você, e desapareceu entre os galhos.

Você estava sufocando, começou a tossir, tossiu, tossiu e o Pai, é claro, ouviu e baixou e bateu nas tuas costas, livrando tuas vias aéreas, depois olhou para mim com rosto severo e perguntou quem fora. Deu medo, deu muito medo, dava para ver que estava irado, os trovões enchiam o ar, que escurecera como para uma grande tempestade. Mas eu sabia, sabia que não era o momento de me acovardar, que era minha chance, apesar do medo horrível que tomara conta de mim, e de você também, pois você também chorava, e tremia feito uma folha no vento e era branco feito uma pedra de sal.

Claro que você apontou para mim, o que esperar de você, seu dedo duro? Mas eu já admitira minha responsabilidade. Só que, na tua imensa estupidez, em um gesto de vangloria, você também comera, aliás engasgara, você não resistiu à tentação de demonstrar sua superioridade.

E isso não estava em meus planos. Quero dizer, que você também se ferrasse, tendo que sair do jardim
comigo. Nenhum plano é perfeito. Eu consegui sair, mas tive que aturar você também do lado de fora. Queria me livrar de você e do Inferno que criara para mim em seu Pequeno Paraíso, mas esse Inferno grudou em mim com teu semblante, e as coisa ficaram ainda piores. Piores porque agora, além de te aturar, tive também que começar a ralar para sobreviver. E você, considerando-se uma vitima, um inocente, ou culpado somente por reflexo, descontou sobre mim sua frustração e disse que era minha culpa, e que eu, agora, teria que pagar pela perda que você sofreu. Que a terra era um Inferno, e eu expiaria minha culpa na obrigação de torná-lo um lugar menos desprezível oferecendo meus serviços. Tudo isso, depois daquele anjo metido nos perseguir com aquela estúpida espada flamejante. Muito efeitos especiais, para duas criaturas tão fracas!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

ANHANGUERA MON AMOUR: CABEÇAS DE BAGRE...

Hoje acordei tão amarga que, para poder me recuperar, fui viajar nas minhas fotinhas... Então, como fui desviar da SP 330 para a SP 334, eis que, de repente, passo eu na frente desse "club de elite", na região de Franca: O CLUBE DAS CABEÇAS DE BAGRE!
Fala sério: o que precisa para ser sócio? Conheço muitos, muitos candidatos, que revelam as qualidades desse peixe bem pouco gostoso, recheado de sabor de lama...
Bom, as cabeças de bagre que conheço poderiam se filiar e continuar chafurdando na lama sem mim... que, aliás, ando comprando sapatos com plataformas gigantescas, para poder andar por cima de lama & carniça, especialmente em meu lugar de trabalho, que aos poucos me parece se transformar em criadouro desses peixes de bigodes. Mas deixemos de lado as agruras agourentas do trabalho, é sexta-feira e vou viajar e comigo vou levar um livro de viagem muito legal, de Cees Noteboom, Caminhos para Santiago. Andar pela Anhanguera & cia. NÃO é igual aos caminhos da Espanha, eu sei!!! Mas é o que eu faço: enquanto o autor do livro entra em antigos mosteiros medievais, eu passo na frente das cabeças de bagre. Enquanto ele reflete sobre a grandeza e a decadência da monarquia espanhola, eu como uma prato feito de costela, arroz, feijão e farofa com giló em uma lanchonete com teto de onduline. Mas com certeza ele não encontrou, em suas andanças, esse centro de excelência de pensadores, filósofos e intelectuais acima retratado...
Um bom final de semana para todos!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A VINGANÇA DE EVA. CAPÍTULO III

Devido ao comprimento dos episódios do folhetim, resolvi esticar mais um pouco.... semana que vem é o último episódio mesmo... Tem mais graça, com um pouco de suspense! Lá vamos nós, com o terceiro episódio de A Vingança de Eva:


De longe ouvi tua voz reclamando minha volta, você estava com fome. Sabia que depois teria que abrir as pernas, e fechei os olhos, sentindo o corpo frio e escamoso deslizar para longe.

No dia seguinte fiz boquinha e implorei você para ir catar coquinhos. Pedi permissão para ir até a cachoeira escura, que ficava um pouco distante, para lavar meus cabelos nas suas águas. Eles ficavam macios e fragrantes, e você gostava, atiçava tuas vontades, eu sabia que ia dar a permissão para eu ir. E eu precisava de você distante, para me encontrar com ela, para me encontrar novamente. A cachoeira escura é um lugar do qual tenho muita saudade, uma das coisas que sinto ter perdido e que faz uma falta danada, que dá um nó no estomago.

Fui para lá e entrei na água. Pela cortina de gotinhas a vi se aproximar devagar, deslizando dentro da água. Vi suas cores na matéria cristalina, até desaparecer no vórtice da queda, onde as águas se tornam brancas. Emergiu, ao meu lado, e me abraçou, e era eu, duas vezes, sob a queda. Me conhecia, como eu me conheço. A conhecia, como eu me conheço. Senti, pela primeira vez, sua pele fria contra a minha, senti calafrios no contato. Senti, pela primeira vez, sua boca macia sobre minha boca macia. Nos tornamos amantes de nós mesmas, debaixo da cachoeira escura. Gozei, quando me pegou, gentil, todavia firme. Gozou, quando minha mão explorou o calor entre suas pernas. Depois, silenciosamente, voltou às águas e desapareceu.

Na volta para casa cantei e cumprimentei árvores e animais, sorrindo sem esforço pela primeira vez, depois de tanto tempo.

No dia seguinte o Pai nos visitou, perguntando se tudo estava bem. Você se encheu de orgulho quando contou que tinha chegado a contar duzentos e sessenta carneiros. Contou que encontrara um pássaro novo, e que tinha certeza que teria um grande futuro. Você disse acreditar que, por sua estrutura, era destinado a ser um dos pássaro dominantes e o nome que escolhera para ele fora Dodô. Que nome mais estúpido, pensei, mas baixei a cabeça para não revelar meu olhar irônico. Você conhece o Pai: parece que sempre sabe de tudo, e tive essa impressão quando, na despedida, me olhou um pouco mais demoradamente do que costumava fazer, diretamente nos olhos. Cuide-se, me disse. Só isso. Estremeci. Você sabe, o Pai parece que está sempre a par de tudo. Mas não disse mais nada. E passou um tempo, antes que eu conseguisse fugir um pouco de você. Ficar sozinha. Encontrá-la novamente. Quem sabe, ouvir sua voz, que seria a minha. Consegui, enfim, me desvencilhar de você, graças à tua nova descoberta: aquele fruto, que você chamara de uva, tinha fermentado em um canto côncavo de uma gruta e você tinha experimentado aquele liquido. Você gostou e bebeu tudo. Começou a falar, cambaleando, e queria me prender, você estava se tornando violento, mas tropeçou, caiu e adormeceu, roncando alto. Corri para fora, aliviada, e fui para a grande macieira proibida. O Pai tinha alertado que podíamos (podíamos? Você podia!) fazer tudo, tudo que queríamos. Mas nunca, nunca comer aqueles frutos. Cuja aparência era, como é de se esperar, tentadora. Nenhuma outra macieira dava frutos tão coloridos e ricos. Durante a florada era a árvore mais carregada, mais intensa. Enxames de abelhas a cercavam, e pássaros, os mais bonitos. Sempre me atraíram suas peculiaridades. Você, você não. Não gostava dessa árvore. A ordem do Pai se transformara em um temor absoluto que te impedia de enxergar sua beleza. Você não gostava sequer de passar por aí. Eu já tinha apanhado de você, um dia que me encantei na frente dela, e você veio me procurar e quando viu onde estava, você me socou nas costelas e no rosto, e fiquei por dias com um olho tão inchado que nem conseguia abri-lo. Corri, então, para lá, porque sabia que ela também amava aquela macieira, porque éramos duas, sim, mas também o Pai tinha me criado com as mesmas feições. O que mudava era que ela, quando recebeu o primeiro tapa, revidou, revidou feio. Se negou. Xingou, gritou e tacou pedras em você. Argumentou com o Pai, também. E saiu desse Inferno. Isso, sim, era um lado interessante da situação. Ela estava ali como imigrante ilegal. Se o Pai soubesse que tinha entrado, sai de baixo! Ia sair uma trovoada como nunca se ouvira! Estava lá, ela, sim, estava, enrolada na macieira, tentando alcançar um dos frutos mais bonitos. Quando me viu, desceu em elegantes espirais pelo trunco e, tocando o chão, já tinha meu semblante. Ou, melhor, eu tenho o semblante dela, pois quando você pediu ao Pai para ele me criar para ser teu brinquedo, pediu também para me dar aquelas mesmas feições que já foram as dela. O gosto de tripudiar sobre alguém que tem o mesmo rosto de quem desobedeceu deve ser ainda maior, imagino eu. Você se iludiu, na imagem dela que era eu, de poder domina-la através de mim. O que nem você nem o Pai pensaram foi que essa semelhança se tornasse identidade. Identidade de princípios, de desejos e de ação. Sei que você continua convencido que eu não sou uma criatura suficientemente autônoma e inteligente e que, portanto, sou incapaz de entender e querer, enquanto a inteligência dela você não pode negar, pois além de criada ao mesmo tempo tinha tuas potencialidades. Teu primeiro e verdadeiro amor, apesar do ódio que você sentia, merecia maior respeito do que eu: você lhe atribuiu o poder de me desvirtuar. E me chamou de fraca. Ainda não sei se você é ingênuo ou bobo mesmo.


quinta-feira, 2 de julho de 2009

ANHANGUERA MON AMOUR: O HOMEM IDEAL

Ontem estava eu passeando pela alegre cidadezinha de Ribeirão Preto, extremo da viagem, quando, de repente....
ME DEPAREI COM O HOMEM IDEAL!!!!
Ou, melhor, com a BELEUZA que podem apreciar em minha fotinha.
Desde que comecei a reparar nas pérolas "artísticas" que nos cercam, comecei a andar por aí com uma máquina fotográfica, pois fui vítima da incredulidade alheia e, pior, de minha própria!!!
E quanto mais olho, menos acredito no que vejo.
Alguém de sexo masculino quer, por favor, me explicar;
1) Por que o homem ideal tem que ter cara de criminoso?
2) Debaixo da cintura do hipervitaminado meio homem devemos presumir algo próximo do David de Michelangelo, notoriamente esculpido para não ofender pudicos olhares femininos?
Francamente, se fosse homem protestaria... Antigamente, o homem ideal era composto por partes de animais nobres, então tinha
- pescoço de cisne, para dar tempo às palavras de encontrar os pensamentos e, assim, não falar bobagens.
- cabeça de leão (encimando o longo pescoço), pois um homem tinha que ser corajoso.
- Patas de urso (simbolizando a força e a resistência) ou de veado (a rapidez).
Enfim, os desenhos do século XVII representando o homem ideal são esquisitos, pois são compostos por vários bichos (a referência que tenho, para a imagem, é um livro de Jurgis Baltrusaitis). mas, pelo menos, não tem cara de estuprador hormoniorevoltante!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

ANHANGUERA MON AMOUR: O QUE A CANA DEU.


A “luz do Interior” me ilumina, de Campinas até Ribeirão: com toda essa luz me cegando que nem a “cegueira branca” do Saramago, acabo juntando coisas tão distantes entre elas que no final o que vejo é um verdadeiro patchwork. Bem neobarrocoposmodernofuturista

O problema, em toda essa “juntação” (sei que não existe essa palavra, mas não encontrei uma que melhor ilustrasse o que acontece viajando pela SP 330), é que entre um caminhão e outro e entre uma cidade alienígena e outra só têm canaviais. E mais canaviais. E depois, tem canaviais. É muita cana. Esse é o problema: cana, cidade, cana, cidade, cana, cidade. E depois de Ribeirão, e em volta de tudo, cana, cana, cana...

E tornar a cana algo interessante não é lá uma das coisas mais fáceis no mundo. Com a cana de açúcar se faz açúcar. Com a cana de açúcar se faz combustível. É meio-oeste. E meio-oeste no Estado de São Paulo acabou se misturando, no começo, com o Kansas de Dorothy.

É a fronteira:

boring/kitch/camp/transreal.

É Espaço da Grande América.

Minha Route 66 é a SP 330.

Minha Kalifórnia é tropical e Província-até-Macondo.

Não tem mar, no fim da estrada que, para mim acaba no nada sem lei onde conflitos rurais estão fora de meu alcance. Nada de Hollywood. Faltam mitos & mitologias. Sei lá... “depois” tem bichos exóticos: o Pontal de Paranapanema (pará-pará-pará-pará-pampam!), é terra de Indiana Jones. Um lugar que chama Presidente PRUDENTE é praticamente um alerta que pisca na noite. Eu já não tenho mais idade para tanto esforço físico e sou um pouco covarde, então fico “antes”, pois tenho um pouco de receio em ir até “onde os fracos não têm vez”.

Limito-me ao preguiçoso exercício de “fluxar”. Que acho ser o verbo que encarna a evolução última do “flanêur”, que andava a pé, vadiando, pela cidade moderna. Depois veio a “deriva’ situacionista, feita por andarilhos pós modernos que descobrem as ruínas da modernidade em uma abordagem “waste”, que não é a mesma coisa do trash, esse último envolvendo um ato voluntário de exagero grotesco. O waste é o mundo do que entendemos mesmo como lixo, amontoado de palavras e coisas perdidas no abandono e na explosão de usinas e periferias e cidades superlotadas e minas a céu aberto como nas fotos do Salgado.

E agora, o FLUXO, a observação através da FLUXAÇÃO. O fluxo é deixar que ao waste se una o trash. O resultado é um mapa onírico de “coisas” cuja falta total de sentido, cujo deslocamento con/textual é tamanho que só deixa espaço para as fábulas criadas nesse andar a quatro rodas por uma rodovia que, sem inventar fábulas, seria somente boring, boring, boring.

Depois do pós-moderno, se eu pudesse escolher (com ato canhestro de marketing rasteiro) um rotulo para essa era que o século XXI inaugurou seria “eternal boring”, “fastio eterno”. E as fábulas são o eterno remédio contra o tédio.

Seguindo minhas dicas de FLUXAÇÃO não sentirão mais fastio, nem tédio. E depois disso, o mundo nunca mais será o mesmo. A satisfação é tão garantida que nem devolvemos o seu dinheiro (ninguém aqui é besta!).

Enquanto os dias, meses, estações, anos passavam, eu com eles (ficava passada) ao longo da SP 330, eu vi muitas, muitas coisas acontecendo.

Vocês não imaginam. Não podem nem saber

O QUE BROTA DA CANA.

Mas eu quero, aqui, deixar minha TESTEMUNHA: O QUE BROTA DA CANA É UM BARATO!

SP 330 – melhor conhecida como Anhanguera - entre São Paulo e Ribeirão: uma aventura no Reino de OZ, nos horrores de Stephen King, nas razões reais e materiais da riqueza & da miséria, material como moral e espiritual de um Lugar Incerto e Não Sabido: um recorte casual do interior do Estado de São Paulo. Lugar tão significativo que no Google Earth está com poucas, pouquíssimas, excessivamente raras fotos.

SOU A FAVOR DA PLATAFORMA COLABORATIVA WEB 2.0. Então lanço aqui a primeira pedra (taco uma pedra na cabeça de alguém), alicerce de um futuro cheio de enriquecimentos antropológicos & fotográficos: VAMOS FOTOGRAFAR MELHOR A ANHANGUERA, VAMOS DEIXAR VESTÍGIOS SURREAIS NOS MAPAS!

Com algumas esticadas & repuxadas & desvios por veredas próximas e distantes, como desdobramentos de caminhos insanamente lúcidos rumo Marília, ousando penetrar os exóticos mistérios de Assis e, apesar do risco que isso pode representar para a estabilidade emocional de qualquer ser humano minimamente razoável, até Londrina (nôôôssa, ôia o piriiiigo!!!!).

O QUE BROTA DA CANA.

É um sumo volátil. Não é cachaça, não é combustível, O QUE BROTA DA CANA. É algo que alucina, gente, alucina, porque se não alucinasse, não existiria explicação pelo que encontrei & encontro “fluxando por aí”

ANDAR PELA ANHANGUERA & “ARREDORES” É:

COMO TOMAR A PÍLULA DE MATRIX. Aquela que atravessa o espelho.

COMO ENTRAR NA TOCA DO COELHO DE ALÍCE. E encontrar o País das Maravilhas.

COMO ESTAR EM UMA ÁREA PRÓXIMA DAQUELA QUE PODERIA SER A HOGWARTS TROPICAL. Alguns fenômenos só se explicam se aceitarmos que existem coisas como Curupiras, Berradores e Sacis.

Ainda, O QUE BROTA DA CANA:

1) Não encontrou um Van Gogh tropical, isso é: alguém capaz de interpretar as matizes das cores desse espaço geográfico fortemente simbólico. Tenho alguns “esboços de idéias” sobre essa coisa de ser simbólico, aliás, basicamente é tudo uma grande viagem sobre isso.

2) Não encontrou um Balzac ou um Flaubert tropicais que tivessem a crueldade e a habilidade de contar os pecados execráveis da província local.

3) Não encontrou um Stephen King que relatasse em contos de monstros, horrores & terrores os detalhes d’ O QUE BROTA DA CANA.

4) Não encontrou um Gabriel Garcia Márquez, capaz de aprofundar os mistérios das muitas, muitas Macondos que florescem entre a Anhanguera e o País das Maravilhas/Terra de Oz que por aqui afloram a todo instante.

Exemplos? Dêem uma volta por nomes irresistíveis como Analândia (paraíso turístico do rapazes de Ponta Grossa?), Penápolis (perto de Patópolis?), Batatais (Camp Potatoes?), Delfinópolis (estância serrana de colônias de mamíferos marinos simpáticos e sociáveis? Lugar onde se mudou o oráculo de Delfi quando aposentou?).

Passem ao lado de placas que apontam, sedutoras, para misteriosos lugares que é melhor não conhecer para não ficar decepcionados. Por exemplo: CACHOEIRA DE EMAS, lá em Pirassununga.

Embebedada pelos miasmas do bagaço da cana que o vento carrega para longe da “usina de processamento” (seria essa a evolução do engenho da cana?) para fabricação de ESPÍRITOS, alucinando na frente dos totens de garrafas king size, vejo há dias, meses, estações, anos etc, etc, uma placa rodoviária indicando a saída para

UMA CACHOEIRA DE EMAS!

Dá para imaginar algo mais interessante que isso?

Imaginar uma CACHOEIRA cheia de bichos, cheia de EMAS, que devem fazer um barulho grande, caindo... e de onde vêm o abastecimento de emas? E para onde vão? Têm represa de emas? E, principalmente.... POR QUE NINGUÉM NUNCA DISSE/CONTOU/DESENHOU a CACHOEIRA DE EMAS?

Agora... como tenho medo de fortes desilusões, não vou checar. Vai que os emas se machucam, quando chegam ao fundo, e por isso ninguém conta da cachoeira, é muito sangrenta (e CADÊ o Stephen King tropical?????).

Moral da história... contei minhas descobertas por aí, mas como eu não sou Van Gogh, nem Balzac, nem Flaubert, nem Stephen King, nem Márquez, só posso é dar umas “dicas para viagens alucinantes” para quem quer penetrar de maneira diferente a “Quinta Dimensão” da Anhanguera & Cia.

Serei

o Baedecker do interior,

o Quatro Rodas da margem surreal da rodovia (A terceira margem?),

o google HEART antropo-sentimental

de um espaço inclassificável nas categorias estéticas conhecidas.

Quando eu crescer,

Serei uma “pequena Baudrillard” dos trópicos...