terça-feira, 29 de novembro de 2011
A DESELEGÂNCIA DESSAS JÓIAS...
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
CAIO MACHÃO CASTRO???
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
MULHERES QUE ODEIAM AS MULHERES???
Uma das coisas que mais me incomodam são as mulheres assumindo tons e posturas machistas. Mulheres que falam de mulheres como se elas não pertencessem ao mesmo gênero. Comentários como "não dá para confiar nas mulheres", ou como "mulheres são mais traiçoeiras"que os homens são bem comuns, entre milhares de outros que não vou nem me dar ao trabalho de colocar aqui. Acredito que bem os conhecemos. Mulheres são fofoqueira. Mulheres sofrem de TPM. Mulheres são umas cobras. Mulheres são levianas. Mulheres só gostam de gastar em shopping. Mulheres só correm atrás de carteiras cheias. Mulheres são isso, mulheres são aquilo e, no final das contas, somando tudo, são a pior criatura que já ocupou esse mundo. E até aí, não me espanta que homens, padres, pastores, enfim, os legítimos detentores dos valores patriarcais e religiosos se expressem seguindo essa tradição misógina e muito estúpida.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
UM CONTO DE FADAS & LIVROS
Uma leitura em que a liberdade anárquica de um leitor se torna defesa assassina do objeto dessa liberdade, o livro, se encontra em uma das muitas histórias que se entrelaçam no romance Storia di Neve, de Mário Corona (2007). A jovem Neve, protagonista do romance, gosta de passear pelo bosque onde os lenhadores “fazem a madeira e os machados cantarem”, e ela gosta desses sons. Entre os lenhadores, ela é amiga do velho Lídio que, durante as pausas do trabalho, costuma ler um livro. Neve fica curiosa e, um dia, pergunta-lhe de que livro se trata, inclusive porque “de tanto manuseá-lo, as páginas mal ficavam ainda juntas” (CORONA, 2007, p. 483). O velho responde que ele não sabe, pois nunca aprendeu a ler. Neve pergunta, então, como ele pode ler se não aprendeu a ler, e Lídio revela uma perspectiva interessante sobre a liberdade do leitor que o livro proporciona:
Eu não sei nem ler nem escrever, mas quando olho para as páginas desse livro histórias, muitas histórias me vêm à cabeça, uma apos a outra, e as conto para mim mesmo, assim é como se estivesse lendo o livro. Acredito que o livro contenha uma única história, mas eu invento muitas olhando para as páginas, e são histórias bonitas, se eu soubesse escrever as escreveria, mas um dia vou contar umas para você. ( Ibidem, p. 484).
Neve pergunta para Lídio se ele consegue inventar histórias sem olhar para o livro, mas ele responde que não, sem abrir as páginas não nascem, são as páginas que as despertam, e assim “... você vê que, na prática, leio histórias sem saber ler” (Ibidem, p. 484).
Curiosa, Neve pede ao velho o livro emprestado e vê tratar-se de Os Noivos, de Alessandro Manzoni, que ela nunca lera. Neve propõe ao velho a leitura do romance e, no começo, somente Lídio parava para ouvir mas, em poucos dias, todos os lenhadores se aproximaram para ouvir a leitura, para escutar a narrativa das desventuras de Renzo e Luzia. O fim da leitura do livro provoca, em todos esses leitores ouvintes, um sentimento de tristeza. O mais triste de todos, porém, é o próprio Lídio, porque, explica,
[...] agora já conheço a história de meu livro, e quando viro as páginas elas não me dizem mais nada. As páginas não me contam mais histórias, não me deixam mais inventar histórias para mim. A única história que me contam é aquela que você leu, mas essa eu agora já conheço. Preciso encontrar um outro livro, que eu não sei o que tem dentro, e então, talvez, as histórias voltem. (Ibidem, p. 485).
Neve resolve presenteá-lo com seu livro de gramática, e não lê sequer uma linha para Lídio, que volta a “inventar” (de inventio = encontrar) as histórias nas páginas. Dois anos mais tarde, Lídio se apresenta ao padre da aldeia, dom Chino, que se maravilha pelo aparecimento do velho, pois esse costumava rezar somente nos bosques e não freqüentava a igreja. Ainda por cima, lia e relia o mesmo livro sem saber nem ler nem escrever. Anteriormente, Lídio visitara Neve e deixara-lhe de presente Os Noivos. O velho quer se confessar, mas “de homem para homem”, olhando nos olhos de dom Chino. Se confessa, assim, com uma garrafa e dois copos de vinho na mesa, assumindo a culpa de ter matado um homem. A razão de seu homicídio reside no livro que esse homem roubou dele, o mesmo que Neve lhe dera. Quando Lídio pediu ao homem que o devolvesse, esse o ignorou. Tomado por um raptus, Lídio cravou-lhe a foice no peito, pois o homem mentira, dizendo-lhe que queimara o livro. Lídio, com efeito, não acredita e, depois de matar, procura e encontra o livro, que leva, manchando sua capa com o sangue.
Agora, cheio de remorsos, resolveu confessar e ir embora. Com efeito, depois da confissão, Lídio desaparece da aldeia, sem deixar vestígios. Muito tempo depois, será a própria Neve que encontrará um esqueleto. Ela mesma o identifica como os restos de Lídio, graças a uma lata selada ao lado dos ossos, que contem, entre outros objetos, o livro que Neve lhe dera e com o qual será enterrado.
domingo, 20 de novembro de 2011
QUEM PODE, PODE...
Quem pode o que, nesse mundo?
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
JÁ PARARAM PARA PENSAR?
Escrever é uma fala diferente, mediada pelo registro que a sustenta, que pode permanecer para leitores futuros. No caso de uma produção que busca uma publicação, é uma escrita que desafia os limites do círculo íntimo de parentes e amigos, é um gesto cheio de ambição e de exercício de poder, pois significa colocar-se no centro do mundo e deste lugar falar. Gesto ousado e até tempos relativamente recentes, negado às mulheres, às quais fora ensinado a se colocar de lado, a não tomar a palavra, a ser modestas e obedientes. As mulheres tiveram que conquistar o direito de publicação.
A publicação de um livro coloca a mulher, como indivíduo, no espaço público. Este transforma suas escolhas em atos documentados pelas próprias palavras, na medida em que se considera o papel de um indivíduo em sua esfera de ação pública.
No século XVII, publicação significa, para as mulheres, se tornar de “domínio público”, ultrapassar os limites da esfera doméstica à qual eram confinadas quando “honestas”, arruinando suas reputações; ainda vigorava o princípio de um conflito entre seus papeis privados e públicos. Virginia Woolf em A room of her own, traça o retrato de uma famosa erudita inglesa, Margaret Cavendish: tamanha era a vontade dela de escrever, que foi condenada à solidão pelos seus contemporâneos. É uma escritora que escreve sem público e sem critica, e quando sai na carruagem, as pessoas observam-na boquiabertas, como uma freak de circo. Ela encarna a perda dos valores cultuados pelas moças honestas e modestas. É sempre Virginia Woolf que fala da trajetória de Aphra Behn, a primeira escritora profissional reconhecida na Inglaterra. Para Virginia, a independência econômica – que Aphra alcançou – é a base de todas as outras liberdades; todavia, ainda por longo tempo, as mulheres que quisessem se tornar economicamente independentes através do exercício da escrita – e da publicação -, teriam que assumir uma identidade de mulher pública associada à prostituição, pois ousam se expor, tomar a palavra e, enfim, ganhar dinheiro com isso, postura lamentável, na época.
O direito a uma escrita pública, parcialmente alcançado no século XVIII, encontrou novos obstáculos no século XIX, com o florescer de teorias “científicas” sobre a incapacidade feminina de criação intelectual – o antigo logos, território masculino da esfera pública, em sua face moderna, continua exclusivo. No século XVIII encontra-se uma mudança na definição das relações sociais. Rousseau põe o problema do governo baseando-o no conceito de economia não mais entendida como mera gestão dos bens particulares por parte do pai, mas ampliando o sentido da palavra para o de “Economia Política”. A população passa a ser concebida, então, como sujeito de necessidades, como finalidade do governo, e não mais como a potência do soberano. Nesse quadro, passa a ser também o objeto sobre o qual trabalhar “publicamente” em termos de saber.
A “teoria contratual”, base da sociedade moderna – e contemporânea -, apresenta, mais uma vez, o problema da exclusão das mulheres. Conforme tal teoria, um dos alicerces da revolução francesa, as relações entre os homens são definidas por um plano “horizontal”, ou seja: os membros da sociedade podem estipular contratos com base paritária (a egalité revolucionária), de forma livre. A questão surge com a fraternité: este termo não define a totalidade do corpo social, incluindo somente o gênero masculino. Poderia aparecer uma sutileza retórica argumentar sobre a Declaração Universal dos direitos dos cidadãos. Todavia, a discussão sobre as cidadãs levou à exclusão das mesmas da vida pública. No âmbito da teoria contratual, as relações “verticais” foram mantidas entre homens e mulheres. O caráter do poder político, do governo, do Estado, parece ser fortemente “viril”, excluindo as mulheres.
Olympia de Gauges (a foto é um retrato dela), revolucionaria e pensadora da revolução francesa, dedicava-se à disseminação de direitos universais que incluíssem as mulheres e seus escritos à levaram, literalmente, a perder a cabeça.
Não provoca espanto, portanto, a freqüência com que as escritoras redigiam prefácios às obras recheados de desculpas por sua ousadia, por atrair a atenção; oferecem seus trabalhos como algo cheio de graças, leve, decorativo, algo que não quer ofender nem adquirir valor. Estratagemas, talvez, para se proteger da critica.
Talvez seja por isso que, ainda hoje, a maioria das mulheres que escrevem dominam, principalmente, a literatura de gênero, aquela sem pretensões literárias, reservada ao entretenimento.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
BRUNA SURFISTINHA? ADOREI, PARABÉNS PARA ELA!
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
A DERROCADA DE QUALQUER HUMANIDADE
Em que ano estamos?