domingo, 27 de setembro de 2009
POETICA/MENTE
domingo, 20 de setembro de 2009
PERDI TODO O JUÍZO/ESTOU FORA DA GRAÇA!!!!

Bom, estou atrasadíssima, com a postagem dessa semana. É que nem sempre a gente consegue se concentrar no que é fútil & inútil... E essa semana coisas "da pesada" aconteceram.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
DIARRÉIA ACADÊMICA.
Algumas “notas acadêmicas anarquistas”. Não, não no sentido da história do anarquismo, ou o anarquismo na literatura, não. Anarquistas no sentido de não quererem se constituir como corpus que pertence a um campo. Se eu escrevo sobre literatura brasileira, não deveria eu ter um “repertório” teórico, possivelmente atrelado às Letras, como Estudos literários / Teoria do romance / Semiótica literária? Ou, de repente, descobre-se que meu campo de pertencimento é, em sentido curricular, de vertente mais histórica, então: não deveria eu estar a par de todos os repertórios teóricos e linhas de trabalho e de pesquisa da história econômica, social, de gênero, colônia, império e debate teórico? Acredito que sim, se eu quisesse definir, colocar uma fronteira ao meu objeto de estudo nesse texto. Mas, por acasos da vida, que não vêm aqui considerar, minha especialização é em assuntos gerais (e, freqüentemente, aleatórios), amplos e irrestritos, uma verdadeira orgia enciclopédica na qual, às vezes, paro e penso: sei muito, nada muito bem. E aí, recomeça a busca de aprofundamentos, mas sempre em assuntos gerais: de repente, uma necessidade de entrar em uma livraria. Em geral, escolho as estantes das Ciências Humanas: filosofia, sociologia, história, comunicação, estudos literários, antropologia são, por mim, cuidadosamente exploradas, em busca de algo “esclarecedor” sobre a minha última leitura. E quando encontro, aí está uma nova dúvida, e o ciclo recomeça, até uma nova crise de terror em que minha vacuidade me assombra... Nas palavras de Machado: “Meu nome é Veleidade”, enfim aqui vou eu, d. Benedita do século XXI. Oriunda de um mal estar acadêmico que me persegue desde que comecei a enxergar alguns mecanismos perversos da universidade, que já está no limite de sua explosão, mas que nunca explode, porque descubro que, em todo seu mecanismo infernal, dilacerada pela dúvida se o intelectual deve ou não ter patrão, em um mundo de Mercado, com a decadência do setor público, ainda assim, essa academia resiste, porque suas fundamentas foram se estabelecendo em um mundo e em um meio que se caracterizava por ser intelectual e por deter uma fatia interessante de poder, a Igreja do mundo medieval. As etapas, as hierarquias da carreira acadêmica se traduzem em práticas nas quais a modernização não teve sucesso. Por sua natureza, a Universidade é anticapitalista: quando a academia nasce, nasce como centro intelectual oferecido pelos mais tenazes concorrentes do lucro: os teólogos medievais, personalidades que teorizam a busca do conhecimento de Deus como aspiração suprema. O lucro é discutido, nas salas universitárias, somente em relação ao pecado e à salvação. Ser professor universitário, nos tempos áureos da Escolástica medieval significa ter status, influência e, portanto, poder. Poder “social”, não “político” (a política, na Idade Média, não é um espaço identificável com seu desenvolvimento moderno), não econômico. Horizonte medieval que sofre os golpes do mundo mercantil na baixa Idade Média. As exigências do mundo urbano transferem demanda nova ao conhecimento: muitos são os estudantes que encontram nas instituições os princípios, fundamentos teóricos de suas práticas (Certeau), especialmente nos estudos desenhados por Hugo de São Vitor já no século XII. Ele estruturou um novo curriculum que, além das tradicionais artes do trivium (gramática, dialética e retórica) e do quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia) incorporava também as exigências “práticas” do mundo mercantil e urbano: as artes mecânicas (fabricação da lã, armamento, navegação, agricultura, caça, medicina, teatro). Como se vê, a universidade nunca perdeu a prática de refletir sobre as necessidades dialéticas do conhecimento. E este, é o lado bom da tradição. Infelizmente, a academia herdou alguns “problemas”: muitos de seus representantes pararam de pensar em seu papel na sociedade, restringiram seus objetivos à repetição do que já existia, sem a capacidade de corresponder dialeticamente às exigências da sociedade. No mundo medieval havia muita clareza sobre o que é pecado. Todos são pecadores, alimentam as chamas do Inferno, alguns se arrependem, e vão ao Purgatório. Poucos chegam diretamente ao Paraíso. E os pecados capitais são sete, como sete são as virtudes. Ninguém escapa desse esquema, é base reguladora e medidora das relações sociais medievais. É a partir da elaboração dos conceitos de Pecado e de Salvação que se eliminam os inimigos. Então, quem mais os conhece, os teólogos, os estudiosos, se propõem a decidir o “certo” e o “errado” no mundo. Para isso, na universidade medieval, corre-se o risco de pecar por vaidade e orgulho, pecados que não fazem bem ao curriculum no dia do Juízo. Por outro lado, geralmente a relação comum entre estudantes e professores se dava em sala de aula, em um espaço específico dessa “rota” do poder/saber: infelizmente, o que a história da cultura e do saber considerou esquecível, a própria história é obrigada a lembrar nas punições daqueles que foram dignos do Inferno de Dante, não com os espécimes punidos pelo pecado do orgulho, mas sim como sodomitas e hipócritas: os professore universitários. Lembremos que o acesso aos estudos universitários era limitado aos homens. O panorama do saber, portanto, no que é academia da baixa Idade Média e no Renascimento, é criticado. Todavia, os críticos pertencem às suas fileiras, ou pelo menos, nelas se formaram. São a primeira leva de humanistas, seguidas pelos intelectuais do Renascimento e do Estado Moderno.
A universidade formou pensadores do Estado Moderno, ou seja: os inimigos da Idade Média e de suas estruturas do antigo regime: mas ela própria, insigne representante dessa Idade Média, sobreviveu e se reformou, mantendo a base nas características discursivas e nas práticas intelectuais anteriormente estabelecidas. Os debates atuais apontam para uma derrocada rápida de alguns baluartes da sobrevivência de uma autonomia intelectual, pela qual as Universidades lutaram na Idade Média: não haverá espaço, no Mercado para se pensar sem “tutela” patronal? Quem exercerá, nessa situação, a crítica necessária aos poderes, não só pela sua derrocada, como pelo seu sucesso?
As crises não são somente materiais: faltam recursos, ou melhor: o mecanismo para obtê-los é viciado