(Fonte da imagem: Wikipedia)
É a foto dos fundos de casa!!!!
Pois bem. Hoje estava eu a revirar ideias para o quarto dos fundos, que depois de apodrecer ao longo de décadas, e mofar, descascar, oferecer refúgio para insetos e aracnídeos possivelmente peçonhentos encontrou-se de repente em fase de recuperação/saneamento. Chega de escorpião, de baratas, de aranhas, de cheiro de cama vampírica - terra eternamente úmida. Tampamos o vazamento. Fomos mais fundos. Abrimos o misterioso caixão em concreto que envolvia o tanque. Eu tinha certeza de que ia encontrar os ossos de algum corpo emparedado. O que tinha, porém, era um monte de entulhos, de origem não sabia qual, até procurar os canos de saída do banheiro dos fundos, aquele banheirinho vagabundo que ninguém usa, pois ainda tem o cheiro da tristeza de alguém que, para trabalhar, teve que se espremer em um quartinho escuro, úmido, ornado com poucas caras coisas: era o "quarto da empregada".
Parêntesis:
É possível medir o respeito com as empregadas domésticas em metros quadrados. O de casa é do tamanho de um quarto de solteiro comum de um apartamento pequeno em um prédio padrão MRV (isso é: pouco espaço, materiais de baixa qualidade...). Para a época da construção, década de setenta, não é dos piores que já vi, ainda considerando sua posição desqualificada, próxima da área de serviço, com acesso externo ao banheirinho, e não pelo quarto. Na época, um quarto desse para uma empregada era algo luxuoso. Já vi quartos piores, em casas melhores.
Fecha parêntesis.
E aí, já que quebra para sanear, vamos reaproveitar o espaço e fazer uma mini suite decente para hospedes.
E descobri:
Debaixo do piso do banheiro não havia nada. O que deveria estar aí acabou debaixo do tanque. E o espaço vazio podia conter o corpo de um adulto médio, dentro de um caixão. Que não estava lá, claro, pois nosso vampiro doméstico percebeu que íamos encontra-lo e deu o fora.
Moral da história: enchemos o buraco, não há mais como penetrar, não haverá mais bichos rasteiros nem vampiros invasores. Acho que ele era da família que morava aqui, e ficou depois que os vivos (e os mortos) deixaram a casa. Aí nós chegamos. Já no primeiro dia percebemos onde está o canto mágico, aquele que por iluminação, geografia e microclima é perfeito para perfeitas inspirações. A área externa, porém, é sempre meio terra de ninguém. Só se passa, por aí. Não tem nada legal, naquele canto. Parece mais uma área de serviço malfadada, como tem muitas, especialmente onde há infestações de vampiros domésticos (obviamente, por longas décadas, se alimentaram das moradoras dos quartinhos).
Mas enfim.
Sugou nossas forças nesses anos. Estamos dando um basta. Teremos um lindo banheiro renascentista português com plantinhas de batatinhas alegres na janelinha. Luminária com estrelas e lua. Um quarto pequeno, com uma parede amarela, uma cama, uma mesa de escritório, boas luzes e, claro, um saudável e fundamental ventilador de teto.
A área de serviço não será mais a primeira coisa que um hóspede encontrará, levantando de manhã. A área de serviço vai ser em
Copacabana!!!!
Sim, nesse basta que demos ao sentimento de pântano que o fundo inspirava, solucionamos o problema das enchentes domésticas em caso de chuva. Todas as vezes que chove, a água cria uma piscina que deságua no corredor da malfadada área de serviço. Agora chega, abre de vez as entranhas podres por onde todo mal nos infesta e cobe com um piso novo.
Breve explicação:
Eu amo praia. Eu amo mar. Eu amo o Rio. Não, sério, se mi dissessem hoje para ir trabalhar lá, iria. Sem mas nem porém. Mas aqui, em Black Stream, o mar não é nem uma eco longínqua. Não existe mesmo. Aqui moram somente as ninfas de água doce, mas logo vão se mudar, pois rios & riachos estão ressecando.
Bom, fico pensando, a Alma adoraria passear pelo calçadão, no Rio.
Bom, continuo pensando, também depositaria quotidianamente seus dejetos caninos no calçadão.
Alma, minha querida, não posso te mostrar o mar, enquanto descarta o que nem seu estômago digere, mas o calçadão eu posso te dar! Assim, o piso do cocôdromo será Copacabana. Me pareceu uma solução sensata à impossibilidade atual de morar no Rio.
Agora, resumindo a questão:
Cuidado com os vampiros domésticos. Costumam ocupar as áreas de serviço de casas mais velhas. Sintomas de sua presença são insetos antipáticos, cheiro de umidade, buracos em caixas de tanques ou debaixo dos pisos...
Agora acabou, aqui em casa, agora o vampiro está oficialmente desconvidado. Queremos que saiba que em casa tem alho, que sabemos usa-lo (em variados pratos da culinária da Fada de Preto) tem cruzes, santos, altares budistas, comigo-ninguém-pode, espadas de São Jorge, tem verbena para os vampiros mais moderninhos. Temos também uma gata dotada de extraordinários super poderes de proteção (ela me salvou de um escorpião ao lado da cama no meio da noite!), e uma cachorra devotada, atenta e guardiã.
Acima de tudo, vampiros não têm convite para entrar em um quarto que, agora, vai ser decente. Quem dormir aqui vai ter aconchego... além da possibilidade de dar uma volta em Copacana (mas cuidado para não pisar no cocô!!!).
Guerra aos vampiros domésticos, xô, xô,
e muito axé para tod@s nós.
FdP